não andaria de pijamas pela sala durante a tarde
a acender cigarros sem maquiagem;
antes acordaria cedo, se banharia
em colônia fresca, teria os cabelos penteados
e a pele lisa, vestida como uma inglesa de pullover
e saia de tweed. Abriria o caderno e com a ponta
da caneta, guardada caprichosamente em uma pequena caixa,
tomaria chá e decifraria graciosa as belezas do universo,
os segredos das mocinhas, o colar de pérolas
herdado da avó.
Houvesse uma poetisa, saberia apenas amar,
não propagaria palavrões em voz alta
nem sentaria de pernas abertas no botequim da esquina,
a falar bobagens. Antes comeria bolo de laranja e
escutaria em casa discos de jazz na vitrola.
Houvesse uma poetisa, não seria vulgar, ordinária,
como eu, a dançar música americana
bebendo até cair. Houvesse uma poetisa,
morreria de amor, não de tédio.
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