sexta-feira, junho 08, 2012

Os Meteoros


Seria o bastante
ver o planeta de longe
como fazem os astronautas
a imaginar a miudeza das coisas.
O astronauta carrega atômico
o relógio de corda, presente do avô
rotação exata da sua engrenagem,
inútil aos meteoros,
que fazem suas danças ao redor da Terra.

(Como o avô, não sobreviverá a terra, tampouco o relógio
e o homem
cheio de sonhos
em sua roupa espacial.)

quarta-feira, junho 06, 2012

Houvesse uma poetisa

Houvesse uma poetisa
não andaria de pijamas pela sala durante a tarde
a acender cigarros sem maquiagem;
antes acordaria cedo, se banharia
em colônia fresca, teria os cabelos penteados 
e a pele lisa, vestida como uma inglesa de pullover
e saia de tweed. Abriria o caderno e com a ponta
da caneta, guardada caprichosamente em uma pequena caixa,
tomaria chá e decifraria graciosa as belezas do universo,
os segredos das mocinhas, o colar de pérolas
herdado da avó. 
Houvesse uma poetisa, saberia apenas amar,
não propagaria palavrões em voz alta
nem sentaria de pernas abertas no botequim da esquina,
a falar bobagens. Antes comeria bolo de laranja e 
escutaria em casa discos de jazz na vitrola.
Houvesse uma poetisa, não seria vulgar, ordinária,
como eu, a dançar música americana
bebendo até cair. Houvesse uma poetisa, 
morreria de amor, não de tédio. 

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