segunda-feira, janeiro 30, 2006

Fotografia

Tentei tirar fotografia
pelos olhos já frios
e entre a mente já gasta.

Os olhos
secos, calejados
tudo marcaram
A mente, porém,
embriagada de tão lúcida
quase nada registrava.

Os dedos roídos de angústia
batiam nervosos num balcão
e sem ritmo ou lógica
esbarravam-se em frênesi
diante de uma rala multidão
indiferente a si
e indiferente à multidão.

Os pés não cansados
já não andavam,
pairavam tortos por asfaltos,
afundavam sérios dentre poças.

Os ombros quietos sussurraram
gritando em uníssono 'tanto faz,
tanto faz...'

Como em fotografia
caía fina a fria chuva
vazia de efeito e vazia de frio
real e fosca, como cor
sorrateira, insensata,
que não se sente,
como sombra.

Peço aos olhos quadro.
Peço à mente impressão.
Peço fotografia, bem como é fotografia, bem como em fotografia:
real, muda e imparcial
alheia, turva e em preto-e-branco
bem como em fotografia.

4 comentários:

Anônimo disse...

aah menina danada!!

gostei!

vou fazer um pedido:
escreva um "o aniversario"

hehehehehe

afinal de contas....


bjokss
;)

Anônimo disse...

cons!! sabe o que eu tava pensando? que vc podia muito mandar um dos seus textos pra proxima edição do plástico bolha... assim, vc explica que nao é de letras, mas que escreve! ia ser mto legal! ando notando que seus poemas apresentam uma forte caracteristica: a antítese! vc compõe seu cenário com adjetivos contrarios! uhauhaa coisa da sua cabecinha conturbada! e o pior é que dá muito certo! te amo, querrida! té amanha!

Ficas disse...

saudades de vir aqui. muito bom muito bom muito bom. beijos

Anônimo disse...

Oh, encontrei por acaso e gostei. Você escreve muito bem. ;p

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