quinta-feira, dezembro 10, 2009

Para Maíra

Fumamos a mesma quantidade de cigarros. Ela usa uma capa vermelha, na parte de dentro um forro com estampa floral, sapatos de verniz. Tem saudades da infância, coisa morta mas que passa ainda viva por um brilho nos mesmos olhos que se deparam com tanto menos mundo do que se imaginava nos contos de fadas. Balões colridos e uma máscara, papai e seu fusca, observa os riscos do asfalto, fazer o que bem entender, ser espontâneo e gostar de tudo. Sonhar, principalmente. Que bom que essa infância se mantém ainda acesa, mesmo que lá no fundo dos olhos, entre um choro e outro e as mil dificuldades, ter um presente, nossos dons: as fadas madrinhas nos traziam na infância, varinha de condão. Bom perceber que eles continuam lá, mesmo depois que os pés crescem e os sapatos deixam de servir, entre as preocupações de adulto e os cigarros, tantos quanto os meus. Quem diria, parte do processo de crescer é entender as fadas e o que elas nos contavam. Usar a capa dos dois lados.

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