Mergulho na incapacidade de lhe nomear: naquele ponto, permanecer, quatro retinas que se encostam, atrapalhado relance. Foi como uma promessa de que as coisas poderiam ser em cores: letreiros, supermercados, poças, sol das sete em fumaça de avenida que já não tomamos mais. Pena. Hoje essa ausência é som estranho de silêncio e relógio, madrugada infinita. Mal me lembro, e a conversa, nem sei, a conversa era desculpa para projetar palavras em sentido ambiente, situação qualquer, minutos a mais, futuro rasgando o presente esquisito. Deixar que se perca a naturalidade, ignorar o entendimento e depois permitir o toque, medo de tudo. As formas se distorcendo em braços e mãos e costas, dobrando esquinas, formando estufa e vedando, pronto, mundo de dois formado, bolha firme. Mas as madrugadas não falam sozinhas, é o que descubro todos os dias. E é o tempo todo que procuro letreiro que me ensine a organizar as coisas, que me entregue seu devido nome, néon qualquer que nos guie de volta para casa, para fora de nós dois.
10/2008
1° de abril
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