Eu sou de sono, de letra, de sal e de palha
Eu sou de escárnio e pranto, eu sou de espanto
Eu sou de inércia, de fome, de ódio e de açúcar
Eu sou de aquário
Eu sou disposta, inquieta, tenaz e de ar
Marionete estranha, de pano sujo e remendada
Feita de letras e sangue, de plástico, elástica
Feita de chuva e de sátira
Feita de chá de hortelã
Eu sou de imagem, de cheiro, de colher e de espada
De peito dos outros, de barriga de mãe
De cama, de estômago, de arame e barbante
Feita de giz e cola, rabisco, colagem
Desenho pintado de tinta com tinta no muro da esquina
De súbito, de birra, fui feita de moça
De azar, de aspereza, fui dada a ninguém
E de veia pulsante e de música
De andar por calçadas de asfalto
Debaixo da sombra, de olhos fechados
Sou de me ver como um naco sólido e frágil de carne
De carne e de osso
De sangue e de sonho
1° de abril
Há uma hora