-- Imagine um elefante -- disse ele.
-- Um elefante -- disse o garçom.
-- Imagine dois.
-- Hum...
-- Um, não: dois!
-- Eu sei: dois.
-- Imagine três. Dez. Vinte.
-- Vinte elefantes--sorriu o garçom.
-- Agora, imagine cem, duzentos, mil.
-- Mil?
-- Mil. Se você é capaz. De mil, cinquenta mil, cem mil elefantes. Você é capaz?
-- ...
-- Pois agora imagine um milhão.Um milhão de elefantes galopando, um milhão! Já imaginou?
-- Poeira, hein?
-- Poeira, nada: elefantes! um milhão. Um bilhão, chega?
-- Um bilhão -- o garçom repetiu.
-- Novecentos bilhões. Novecentos e noventa e nove trilhões! de elefantes. Não posso mais. Acho que chega, você que acha?
-- É muito elefante -- concordou o garçom.
-- É: muito. Pois agora você imagine uma pulga.
-- Uma pulga -- e o garçom suspirou, resignado.
-- Isso: novecentos e noventa e nove trilhões de elefantes de um lado: e uma pulga, do outro lado. -- Morou?
-- Não.
--É o terror -- arrematou ele. Me dá um uísque.
[de O encontro marcado, Fernando Sabino]
1° de abril
Há 7 horas